Os Arcade Fire são como o vinho do Porto ou é só de mim? Foi o meu terceiro concerto deles (o primeiro fora de festivais) e o melhor.
O palco estava bem no centro do Campo Pequeno, montado tal e qual um rinque de boxe. E pelas 21:15 lá chegaram os protagonistas da noite. A apresentação dos lutadores fazia crer que estavam ali para ganhar e marcarma pontos logo pela entrada.
Will Butler e companhia passaram pelo meio do público – onde estariam várias vezes ao longo da noite – até ao palco em 360º e a partir daí foi sempre a abrir.
Concerto de uma vida
Já tinha visto os Arcade Fire em festival (no Rock in Rio e no SBSR), mas este concerto foi outro campeonato. Entraram com a primeira música que conheci deles, a “Rebellion (Lies)”, uma canção que marcou as minhas primeiras saídas à noite com 16 ou 17 anos.
Quiseram “Everything now” e quando aterrámos naquele lugar onde “No cars go” quem não se sentiu é porque não é filho de boa gente. Foi um coro avassalador, a fazer esquecer que estávamos numa arena de touradas, a mostrar que naquele local também se pode cantar muito amor.

Houve tempo para guitarristas a subir a postes, vocalistas a abraçar o público, baladas a meia luz, troca de guarda-roupa, banhos de luzes e muito mais.
Final mais que perfeito
Fecharam a noite com a cereja no topo do bolo: “Wake Up”, a maior festa que uma banda pode dar. Todos cantam, todos dançam, todos tocam. Há tubas, há 15 pessoas em palco, há brilhantes e, sobretudo, há sorrisos. A “Wake up” é o final mais que perfeito de uma noite que marcou milhares de pessoas (de lembrar que o concerto esgotou no próprio dia em que os bilhetes foram lançados).
No final, parecia que estávamos num jantar de amigos. Quando a conversa se mantém mesmo quando já nos estamos a despedir no corredor ou mesmo a entrar no carro. A canção terminou, mas os Arcade Fire prolongaram-na. Prolongaram e prolongaram o suficiente para a cantarem pelo meio do público enquanto iam embora. Não contentes, ainda cantaram mais uma, com os Preservation Hall Jazz Band, banda que abriu o concerto.
Foi um concerto ganho à partida. Quem dá assim o que tem em palco, só pode ser recebido de coração, as vezes que quiser voltar.